Fale, fale, fale, fale!

Diga a respeito, bote pra fora... solte como um balde que derrama toda a água que tem dentro!

Diga tuudo, só que não... não diga nada!

Coloque o fone.

Saudade de tardes intermináveis na varanda, o sol baixo, as sombras compridas e nenhuma preocupação! Da cozinha vinha o cheiro de bolinho misturado com afeto e pessoas rindo alto!

Os pés sujos de areia que sonhavam pisar em tantos lugares distantes!

Eu tão crua, tão inerte, tão quieta em uma imensidão de mim que insiste em gritar. Eu - tão eu.

Engolir em seco - pensando em engolir a vodka. Vodka.

Eu tão sozinha entre quatro paredes. Paredes que parecem me olhar, vigiar e prontas pra julgar a qualquer discuido.

Não seja tola, nem burra, nem boba. Não se chateie, não pense.

Dê uma volta, aumente o volume do rock e balance forte a cabeça.

Eu tinha cachinhos no cabelo e um apartamento em cima de um bar. Tinha conta de telefone no meu nome, amigos fieis e uma faculdade quase na metade. Tinha as ruas da cidade, as cervejas do bar e os almoços de domingo sozinha! Eu falava sozinha... e batia portas tb.
O cabelo ficou liso e curto, as contas de telefone não foram pagas, os tubos de ensaio cairam e eu cansei de viver e almoçar somente na minha companhia.
Os amigos fieis, de tão fieis, continuam comigo.. mas agora tem risos e vozes durante o almoço, tem quem puxar as cortinas e não tenho mais telefone. Voltei pra casa.
No lugar dos tubos de ensaio e do jaleco branco existe uma agenda com capa de cereja, um gravador e pautas sendo aprovadas.
A felicidade é coisa simples, mais barata que cerveja ruim. A felicidade não esta longe.
Ela esta ali o tempo todo, na sua frente!
Faça o que vc quer, seja quem vc quer ser e ela vai ta do seu lado, de mãos dadas.
Se orgulhe de ser quem sempre tem sido e jogue tudo pro alto quando for preciso.
Começar do zero não doi.

Eu complico, descomplico.
Me acalmo e me desespero.
Quero e não quero.
Tudo em segundos...
Ate tudo voltar ao normal e eu continuar ouvindo Raul.

"Você tão calada e eu com medo de falar,
Já não sei se é hora de partir ou de chegar!
Onde eu passo agora não consigo te encontrar...
Ou você já esteve aqui ou nunca vai estar!

Tudo já passou, o trem passou, o barco vai...
Isso é tão estranho que eu nem sei como explicar..."

- Estranho é ver que aquilo que te fez diferente uma hora tb fica diferente! Tão estranho que as palavras falham ao tentar exprimir a realidade, talvez pq a realidade não é muito aceitável... não é nada aceitavel quando as coisas ficam estranhas...

Saudade me deixa irracional.